Teatro em corda bamba
E eu finjo que não dói
E eu falo que não sinto
Digo coisas que corrói
Faço coisas que omito
Visto o rosto que me resta
Disfarço-me de eu mesmo
Sem censura, sigo a peça
Drama longo, sem começo
Um teatro em corda bamba
Em uma sala espelhada
No reflexo há o medo
Só o medo e mais nada
E no silencio de um momento
Há uma lâmina de vento
Corta a corda e pára o tempo
Eis então o meu tormento
Pois o vento é sentimento
Encerra o ato em descontento
Fecha as portas do teatro
E assim acaba o espetáculo
Outra noite, outra peça
Outra máscara, talvez
Mas o fim do grande show
Será o mesmo outra vez