Autocrítica.

Rio, 12.07.11.

Autocrítica.

Eu sou um poeta patético,

um romântico sem nexo,

marginal desse universo social,

e ainda tem gente que acha que eu

me julgo "grande coisa",

que dou a impressão de ser o tal.

Não posso nem dizer que

sou mais um no mundo,

porque todo mundo tem

um dinheiro ou algum charme original,

eu sou mesmo um forasteiro,

um sujeito que já nasceu sem sal.

Eu sou insuficiente

mesmo quando faço algo de bom,

e não adianta me dizer

o contrário, pois ser autocrítico

é o meu único dom.

Eu sou um equivocado quando

digo que as pessoas ao meu lado,

não devem se comportar

assado ou assim,

já que eu mesmo sou incapaz de ser

o que esperam de mim.

Eu sou um carente, um passarinho

que vive a voar, sem ninho,

magoando com esse meu instinto

de liberdade todos que

me querem aprisionar nas

grades do carinho,

e mesmo cercado (na teoria)

de gestos de afeto,

(na prática) eu sempre

me sinto tão sozinho.

Clayton Marcio.