A angústia do poeta

"Não há nada melhor para uma alma

Do que tornar menos triste outra alma."

(Paul Verlaine)

Estou sentindo a concepção...

... O sêmem da música e o óvulo da filosofia

Gerados em meu ventre dia-a-dia

E, nada em você traz-me comoção

Nasce a tragédia, uma canção passo a passo

Resisto e não me desfaço, mas sei que

Nunca dei um passo que não me comprometesse

E, eu rio do Homem e de suas artes, poesias e templos

Em breve, parirei algo desconhecido

Desconhecido e enorme

Do tamanho de um mamute

Ironia, não há amor que em mim incute

Mesmo um entusiasmo passageiro

Ou uma profunda desilusão

Estou farto de existir e temo a morte

Num ambiente laico busco a compreensão, a boa sorte

E, antes que a tempestade domine o crepúsculo do mediterrâneo

Avistarei Chipre e resistirei ao meu maior naufrágio

O porto de Larnaca trar-me-á de volta à luz

Mas lá nunca me tornarei um verdadeiro poeta

Volto à Paris para encontrar o meu eterno amor

Que se foi quando a Tifo lhe beijou

*A Paul Verlaine (1844-1896)