Carências
Não, jamais te falte o carinho,
A mão amiga que afaga
Nem falte o beijo, o desejo
A poesia, o ensejo
Jamais te falte a certeza
Do bem maior a beleza
A interminável noite de encontro
A alegria do abraço esperado
Jamais te falte o ser amado
Nem a manhã de azul loucura
A onda do mar coberta de brancura
A noite de luar
O cantor boêmio, a taça de rubor
A língua passando as bordas
As árvores do outono desfolhadas
Dos mares as longas orlas
Jamais te falte o palpitar da paixão no peito
As mãos sedentas na cruz de pelos
Jamais te falte a estrela da madrugada
O sonho da inspiração, as asas dos anjos tortos
A lembrança dos queridos mortos
Jamais te falte o sorriso, o perdão
Ai, quem me dera ter a força dos mares
A beleza dos pássaros bicando-se aos pares
Os filhotes no ninho
A folhinha que cai
O vento que vem e vai
A brisa na janela
Ai, quem me dera ser
A tarde no fim da luz
A tristeza inextinguível da cruz
Quem me dera