Ligando pontos
Quando a noite em ternura cobre
Os raios mornos
Das lembranças do dia.
Compreendo o solitário
Olhar curioso
Ligando pontos na escuridão.
Nem o sol em chamas ardentes
Aquece presença imaculada.
Já que os pensamentos irreveláveis
Beijam o negrume da sombra
Acomodando os desejos.
Em vendavais derradeiros
Na pouca luz que assombra
Uma alma por si carente.
Traz em si tanta gente.
A boca devora imagens
Que em vultos perdidos
Contornam trevas ébrias.
Mesmo sem o amparo da luz
Os sonhos inegáveis transparecem
Ali onde foram renunciados
Dando lugar a tão pouco.