GENTE COMO A GENTE

Eu já nem me conheço

Não sei mais quem eu sou

Nem sei para onde vou

O que faço o que tenho

Tenho que franzir o cenho

Para lembrar minhas raízes

Que são boas e felizes

E que há muita bagagem.

Falar de mim e ser puro

Não é fácil, nem é seguro

Pode sair muita bobagem.

Continuo sempre em viagem

Já rodei mundos e montes

Atravessei rios sem pontes

Brejos, matas virgens e fechadas

Roças, campos e invernadas

Para acabar numa cidade

Acomodado pela idade

Mas continuo muito inquieto

Não gosto de acomodação

Não gosto de ficar no chão

Olhando apenas pro teto.

Não abandono a tradição

Mas sempre procuro o novo

Gosto de andar entre o povo

Manter com todos contatos

Em esquinas de bate-papos

Ou em janelas de fofocas

Não gosto de ficar na toca

Mas sair no olho a olho

Discutir, dialogar, até brigar

Sem jamais me desligar

Da vida do lugar que escolho.

Agora tenho o atrevimento

De viver com este povo legal

E falar dele, nem bem nem mal

Não são cultos nem são broncos

Não são cerne, mas são troncos

Não são ricos nem miseráveis

Índios, brancos e pretos: sociáveis

Nem iguais, nem diferentes

Este é o povo que me adotou

Que amei e que me amou

Apenas gente como a gente.

Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 11/07/2011
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