“O CORVO TUPINIQUIM”
Um pensamento medonho,
Ronda-me em sonho!
Que quer não suponho!
Qual corvo irônico e risonho,
Aproxima-se como um ser mau e peçonho,
Viro-me na cama, de suor molhado em banho!
E o “corvo” de avantajado tamanho,
Fixa-me um olhar triste e estranho,
Por um instante compadeço-me, não me impunho!
Mais veloz que suponho,
O pensamento medonho invade-me o sonho!
Preso em suas garras, o limear do sono não transponho!
O malvado com seu feio carantonho,
Olha-me nos olhos e diz: lhe proponho...
A princípio pensei ser delíro do sonho!
Porém, continuou o ser tristonho:
Transforme-me num poema estranho!
Quero ser a poesia dos seres medonhos!
Com um solto e um grito roquenho,
Acordei tremendo como uma mó de engenho!