O SAMURAI GAUDÉRIO
Houve um tempo
que por essas bandas
contou-se a história
de um guapo louco e espadachim
veio da terra dos loco “véio”
de olho puxado
contando um causo
mais ou menos assim:
_Eu corri o mundo inteiro.
Com minha Katana
Atrás da cigana
que eu estou afim.
Era uma morena mui bela
e atrevida.
Foi se embora,
me deixou
Saiu mundo a fora, corrida...
nem me avisou.
Hoje ando por esses pagos
por que sei que foi aqui
que ela se enveredou!
O loco veio de olho puxado
certo dia me ameaçou.
Ficou sabendo que a morena era minha
Raivoso ele ficou.
Eu não sou galo de recusa rinha
mas nessa hora o medo me assolou.
Aquela espada era mui comprida
E o loco veio bom brigador.
Minhas tripas eu não queria ver.
Mas o duelo já estava marcado.
Na hora certa começou a chover.
Um cavalo a relinchar.
Anunciando a peleja.
La nos pampa a pastar.
O meu facão três listras em punho
pronto para rubro ficar.
O sangue deste japa
pelo meu rio grande vou espalha
O taura ergueu a espada em riste.
Tava pronto pra pelear
A gauderiada toda olhando
e as chinocas a chorar.
Por três dias.
Por três noites.
As duas laminas a tilintar.
Foi batalha de farrapo.
Bento Gonçalves não ia acredita.
No fim do embate,
com suor no rosto
Eu vi a lamina quase me matar.
Mas com lagrimas
nos olhos
A espada na bainha
ele guardou.
Era a cigana que ali estava
E o coração dele acalmou.
Pra terra dos loco veio de olho puxado
com morena no lombo do pingo
ele então voltou.
Por essas querências guascas
A lenda do samurai gaudério
Como enxame de abelha, se espalhou.
Mas eu não me abalei.
Pois lá na terra desse tal japa,
mulher linda e guapa,
como aqui não tem
Por isso sigo tranquilo.
Tomando meu chimarrão.
Pois prenda nunca foi problema.
Sempre tem uma no meu galpão
Laranja Jack / Ceratióide Bebum