___Opressão___
Vejo sombras na avareza
A levar-me à extrema-unção...
Pr’um universo de incerteza,
Pr’eu não ver mais este chão.
E nem tenho u’a só destreza,
— Em meu pobre coração...
Pois, me falta mui clareza,
P’ra entender essa aflição.
Tenho medo da impureza,
Que destrua a minha canção...
Ninguém sabe a profundeza,
Onde encontro inspiração.
Foi Deus Pai!... na Natureza,
Quem me deu essa ilusão...
Projetou — com subtileza —
Em minh’alma, esta missão.
Até mesmo — na estranheza,
Vou ‘screvendo — sem razão...
Pois não tenho mais certeza,
S'é bem-vinda essa opressão!
Paulo Costa