Conversa puxa conversa
Eu teço poemas curtos
Não dou confiança à poesia
O que não é sinónimo
De ter a alma vazia
Simplesmente não gosto
De entediar quem me leia
Prefiro deixar no ar
Os estados de nostalgia
Os sonhos mal tomam corpo
Quando me vêm à mente
Já deixaram de ser meus
Passam a ser de quem sorve
Fantasias, miragens ou pesadelos
Ofereço-os em taça ardente
A raiva é sempre incontida
Sou mulher de extravasar
Coração ao pé da boca
Cada um no seu lugar
Não acato injustiças
Vou à luta todo o dia
Nunca me hão de calar
Não sei se já disse tudo
Não me queria alongar
Afinal, o que era curto
Conversa puxa conversa
Já nem associo ideias
mesmo que não tenha nexo
Dou comigo a versejar