Telegrama a Alessandra Espínola
Querida amiga desconhecida
plantada na sua cidade de ilhas,
te escrevo desde
esta cidade de ilhas, já meio-minha.
Pense bem: o Capibaribe e o Hudson
deságuam no mesmo Atlântico.
Troquemos um pretzel
por um cajá.
Lembre de minha cidade
na sinagoga da Rua do Bom Jesús.
Saiba que ali
(de entre todos os lugares deste mundo)
larguei um pedaço do coração.
Te conto o conto um dia.
Por enquanto, o que posso oferecer?
Pontes-pêncil.
Pentes de arranha-céus.
Prosa-poemas.
Nossos versos atravessam cibercampos e
se entrefalam. Na ausência
de rostos e de vozes
essas coisas
gostosamente bastam.