A MENTIRA

E as coisas não ditas nem escritas

restaram no entremeio da paixão.

Silenciosas, germinaram no vazio.

Manaram um rio, vagarosas...

Sem alardeio as águas caladas

encharcaram as margens

foram juntando aluvião

sufocaram os personagens...

A inundação arrastou o alheio

para as almas alagadas, aflitas.

A falsidade invadiu a imaginação,

afogou toda a vontade.

Palavras perdidas

atolaram no lodaçal da mentira,

abriram feridas,

rachaduras sem conta.

Eu sabia e sentia tudo.

Tu sabias, jazias mudo.

Cegos às cesuras.

Cerrados em armaduras.

Mas o tempo passa e afinal,

sobre a primazia da impostura,

bem no centro do lamaçal,

a verdade, pura e nua, desponta.

Lina Meirelles

Rio, 09.07.11