ARBÍTRIO
Etéreo gosto da vida:
conflito com a realidade,
goles de ilusão na farsa do sonho.
E na saudade,
pontiagudo prumo
que arranha a ostra protegida,
os sinos da lavra.
Permanente entrega
que consome, sem escolha.
Árbitro de ações,
é o homem construtor?
Hóspede desta passagem,
o que contribuo?
Criado à semelhança Dele,
quando crio
ausente da humana contextura,
sou necessariamente criador?
E exercito
carente de fé
o direito
de aperfeiçoar silêncios.
– Do livro FORÇA CENTRÍFUGA. Porto Alegre: Livr. e Editora P. Alegre, 2ª ed., 1979, p. 64:5. Forma revisada.
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/3085152