MINHA JOIA...

Vivo até hoje como um garimpeiro na procura incessante

De uma joia preciosa que perdi na Esteira do Tempo e,

A expectativa é de encontrá-la para sossegar a busca.

Durante o tempo que procuro muitas vezes me enganei,

Qual o Bandeirante alucinado enxerguei ouro em calhaus...

Outras vezes inflamado pelo calor da ingente busca,

Até fui insensato, deixei transparecer aquilo que mais não sou,

Agindo feito atrabiliário de alma tempestuosa e pétrea...

Mas, a dor me mudou, mudou-se-me a vida e posso afirmar,

Que nem ricas guirlandas me enfeitam, nem gozos requintados

Me deleitam, muito menos os ócios de fidalgos dementados,

Quais falsos heróis ou régios celerados de má catadura...

Em minh’alma canta uma paz ditosa e santa que me alenta

Curando males, sossegando dores, por entre espinhos

Semeando flores e distribuindo o amor a quem não tem...

Entrementes, tanto melhor que o rumo é outro agora

Que minha dor se abriu em nova aurora a dealbar

Nas luzes sublimadas de novas e mui ridentes alvoradas...

É muito verdade que a quitar me resta muita conta a pagar

Da insana festa de meus desvarios insensatos:

Ah! Más palavras, maus vezos e maus atos!

Vero é, porém, que hoje construo com certeza,

Sobre os escombros do que demoli, compondo,

Muitas vezes, a argamassa, com a linfa do pranto

Escura e escassa, depurando o sentimento...

Talvez seja até um sacrilégio que este bardo invoque

Farrapos de lembranças esquecidas, de coisas,

De transatas idades consumidas, mas, se a vida subsiste,

A memória também clara, muito clara persiste...

É por isso que nestas horas que me enxergo qual

Uma placa luminosa a refletir como estou,

É que sinto cada vez mais a ausência da jóia preciosa

Que pudesse me servir de êmulo, de musa sideral

Que me ajudasse a realizar tudo o que preciso

Nesta jornada de redenção, de reconstrução...

É difícil estar sem essa joia, eu sei que ela existe

E é minha, e, com todas as veras de meu espírito,

Continuarei a jornadear, a buscar, e, mercê de Deus

Vou achar, e num escrínio de luz vou colocá-la

Para que nunca mais se separe de mim...

PEDRO CAMPOS
Enviado por PEDRO CAMPOS em 09/07/2011
Reeditado em 23/11/2013
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