Poema feio.
Rio, 22.06.11
Poema feio.
A meia do meu pé
furou quando eu fui
comprar meia dúzia de ovos,
alguém que passava
ali perto falou que os
de meia-idade são sempre
mais experientes que os mais novos.
No jornal da banca
da esquina destaques religiosos:
Islamismo, Radicalismo,
pessoas sem meio termo...
Na TV de um bar a
campanha publicitária
diz:"que meia só se for Lupo",
eu meio sem jeito
respondia com "bom dia!"
ao cumprimento de um sujeito
que me dizia: "Fala maluco!"
Meia, meia, meia
era a placa de um carro
que passou abrupto,
me lembrei logo do número
da besta, besteira minha,
apenas uma associação implícita,
embora a violência da vida
pareça ficar cada vez
mais meio apocalíptica.
À meia luz da sala de estar
pensei em meias palavras
que o amor era o único
meio pelo qual a gente
é capaz de fazer a vida
valer a pena.
Meio-dia e meia,
nada pra fazer, foi quando
me veio essa inspiração
meia boca. E de meia a meio,
eu escrevi sem rodeio
este poema feio.
Clayton Marcio.