Perdido de mim mesmo,
envolto em sombras que despencam da noite,
e entranham-se pelos meus poros,
espero teu sorriso.
Um mixto de medo e esperança
medra com vagar o meu peito,
suga-me a vontade da decisão.
Espero, vago, entrego-me.
E você não chega nunca,
o tempo me corrói,
machuca , revolve minhas dores.
Tua voz ecoa em algum canto de mim,
como rastros na areia a meio vento.
Embriago-me das lembranças,
sorvo do mais longínquo detalhe,
uma crença na possibilidade de tê-la ,
ao menos uma vez mais.
È só uma semente, que não germina nunca,
que fecha-se em si mesma,
alheia aos meus desejos quase desesperados
a regarem-na com lágrimas.
Preso aos restos do amor mal cuidado
, finjo aptidão para recomeçar.
no fundo é só uma tentativa de não morrer
sufocado pela mágoa,
de ser o meu próprio algoz.
Você não chega nunca,
não liga, não se despede,
nem diz adeus.
Talvez, nem mais exista
em meu mundo torto.
Passos, lágrimas, arremedos vários,
povoam minha soledade.
Eu quem disse adeus ,
e eu quem foi embora,
eu mesmo comprei essas dores.
Você não virá jamais,
não verei mais o teu riso solto,
e não tocarei tua pele de veludo,
nem beijarei a tua boca doce,
senão apenas nas telas de minha mente.
Por fim é isso o que mereço.
Isso me conforta e mata ao mesmo passo.