Medicina e poesia
Desde tempos remotos, medicina
anda ao lado das letras, da cultura,
e irradia saber nessa mistura
intrigante e instigante, nessa sina
exemplar, salutar faina divina
em fazer da caneta o bisturi
e do choro do ofício fazer rir
pra poder renovar o sentimento.
A cultura é o melhor medicamento
espiritual, da vida o elixir.
Desde tempos remotos o poeta
é o maior vendedor de sentimento
ao cantar sua dor, o seu lamento,
ao fazer do prazer a sua meta.
A ciência era, então, muito discreta
e buscava a verdade em qualquer ar;
e nos seus desacertos foi buscar
nos escritos um novo linimento;
o poeta curou o sofrimento,
o doutor fez a dor cruel passar.
E não mais separou-se, desde então,
o mister de curar do de escrever.
O contista mostrou também saber
e foi ter nos confins do coração
a cadência da sua inspiração.
Descobriu na ciência a melodia
e passou a viver seu dia-a-dia
entre o som mavioso do saber
e o gostoso prazer de escrever:
Medicina juntou-se a Poesia.
É preciso manter essa união,
é preciso manter ativa a chama.
O doutor que se fecha no seu drama
alimenta o sofrer do coração.
Não retire o doutor (cirurgião,
pediatra, obstetra ou analista)
a caneta da mão. Escreva. Insista
em manter a cultura em sua mente.
Alimente o saber e se alimente;
abra os braços pra mais esta conquista.