A outra gênese

Da sentença de um xamã

Deu-se a crença de um clã

Se guerreiro perder o baio

Todo o povo se fará lacaio

Para livrar-se da servidão

Em toda porta um amuleto

Com uma chave do grilhão

Sobre o vaticínio em texto

Zarg, um herói a ser um rei

Seguia Lanja sua escolhida

Sem ver o povo de Hermida

Levar o baio, perdeu o grei

A sentença a todos atingiu

O amuleto permitia a fuga

Da família, da vaca e do cio

Da dor, do prazer e da rusga

De culpa se impôs flagelo

Negou-se a todo o apelo

Assistiu vazia a sua aldeia

Vergonha fez-se a sua peia

Zarg que fez o mundo oco

Andava a esmo feito louco

Viu como se em alucinação

Lanja trotar em um alazão

Nada um ao outro foi dito

Só as almas pediam perdão

Êxodo inverso em remissão

De volta ao útero bendito

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 07/07/2011
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