Na quietude ...
tocava Chopin, um dos primeiros noturnos
terno,límpido, plangente...
Interpretava-o com simplicidade e fidelidade.
As notas caíam puras como gota de água;
as frases eram plasmadas com amor e compreensão
e não com intencional brilhantismos ou falso sentimento.
Aquela era a verdadeira disciplina da arte;
a submissão do executante ao compositor,
a subordinação da emoção pessoal
àquilo que o mestre, morto havia muito, registrado.
Era completamente livre de cicatrizes.
Suas mãos eram fortes, mas continham-se sobre o teclado.
Devia já ter sofrido o seu quinhão nas exações da vida.
Tocava Chopin como alguém
que compreendesse as frustrações do amor.
07/07/2011