pobre de ti
embargas tua voz
quando falas de mim
quando falas de amor
quando falas de nós
amargas saudades inquietas
uma vontade imensa
de rever o passado
já tão passado
já tão distante
lembranças dilacerantes
enquanto arquitetas
enquanto cultivas semblantes
de abandono
de falta de sono
de falta de ar
passas o teu tempo sózinha
absorta
com os olhos longe
olhando o mar
desde logo depois que eu parti
com uma esperança maldita
de não sei de onde
um dia eu voltar
pobre de ti
nunca mais verás o meu barco
nunca mais me verás ancorar
nunca mais me terás
no teu quarto
nunca mais
nunca mais me sentirás
te abraçar
minhas mãos estão nuas
agora são só minhas
não sabem mais das tuas
minha voz calada
já não pronuncia o teu nome
dos meus olhos
lentamente tua imagem some
já não és a mulher amada
não sou mais o teu homem