PIO

Não sonhei.

Claras belas, cândidas bárbaras.

A mancha preta

do querosene do candeeiro.

A fuligem nos pulmões do meu amor.

Azinhavre sobre a pele.

Tem é dor de cabeça.

um pouco de água, um copo.

Tome-me o corpo,

e o que mais remedia

Coma-me o gosto, a alegria...

Era pela vida

que passava a minha aflição.

Sob a escuridão da íris

a sombra da torre

da rede record de televisão.

Como se piscasse a cabeça.

Sente a pulsação

no cérebro desidratado.

O último copo sujo sobre a pia

é matéria, do modo mais pio.

Andrié Silva
Enviado por Andrié Silva em 06/07/2011
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