CONTOS DE ARAGÂO
Amanheceu o dia
Valei-me pai de todas as dores
Das causas, dos amores.
Clareou o dia...
Desfez-se o orvalho
A alegria de dois ou três vigários
Santa que desconheço
Amenizais meus pecados
As culpas esquecidas
E os mortos já enterrados
No descanso da sepultura guardo meu elo antigo
E mesmo enterrado sinto-me perseguido
Medo que assombras minhas entranhas
Minha alma por que me perturbas com a desilusão?
Medo que percorre minhas entranhas
Não leve de mim a paz da canção
Clareou o dia...
Mas não se desfez a noite
E em meio à trovoada rezo ao pai de todas as dores
Santa que desconheço amenizem meus pecados
As culpas esquecidas... Meus mortos já enterrados
Velhas imortais com seus colares dourados
Cantam louvores a eternos principados
Poderes existentes ou não
Amenizem tal escuridão
Pois desce a sepultura mais um esquecido, porém combatente.
Mais um imortal, mas não sobrevivente.
Santa que desconheço amenize meus pecados
Enterrai meus mortos já velados
Som que ecoa na casa vazia levai os prantos
Clareou o dia
Mas não se desfez a noite
Então continuo minha reza ao pai de todas as dores
Para que ao precipício não vá minha alma
nem chegue ao inferno minha causa.