sopro de vida
estrelas cadentes
me despencam
suavemente
das mãos
de tão leves
de tão tenras
de tão indolentes
que são
envolvidas que estão
em finissimos fios azuis
peressiveis a voz
permissiveis a luz
mais impossiveis
e mais improvaveis
que nós
nuvens branquissimas
nos atravessam delicadamente
os olhos
os rostos
dulcissimas
se dissipam vagarosamente
em desenhos abstratos
deixando um gosto de beijo
em todo nosso espaço
em todo nosso desejo
em todo nosso ceu
enormes montanhas de algodão
espalhadas ao leu
desenhadas a mão
se sobrepujam
a imensidão quieta do mar
nos inunda os sonhos
nos encharca os cabelos
no mais profundo dos vãos
enquanto seco nossos olhos
apago nossos prantos
e pesadelos
afago nossas feridas
num simples gesto
de amor
num singelo sopro
de vida