Ao filho que ainda não tive.
Rio, 14.01.10.
Ao filho que ainda não tive.
Você ainda não existe,
mas meu coração não resiste
em te idealizar,
eu tenho tantas coisa pra
poder te mostrar,
não esses conceitos que já existem
sobre as coisas todas,
mas um monte de considerações
românticas e bobas.
Será que você vai
se parecer comigo? Será que não vai?
Será que se lhe fosse
permitido ter escolhido,
você me escolheria como pai?
São essas e outras perguntas
sem respostas que são
impostas pela idéia de te ter,
questões que só o tempo
poderá responder.
Te confesso que também
me vem um medo de não lhe ser
suficientemente bom,
criar alguém exige dedicação,
estrutura, responsabilidade e até dom.
Essa vida é difícil, mas é linda
e possui características
que se assemelham ao som,
é preciso sensibilidade
pra separar a nota do barulho
e se manter no campo harmônico,
sem sair do tom.
Pai sempre quer proteger o filho,
fazer com que seu rebento não sofra
tudo que por ele já foi sofrido,
mas meu menino você ainda
não passa de um doce delírio,
um poema sugerido por
esse meu criativo eu lírico.
Eu pretendo ( até por que
me fez falta não ter um pai)
nunca te faltar...
Mas as contingências
nem sempre nos permite ficar,
de maneira que eu queria que soubesse
que mesmo antes de você acontecer
eu já não me cabia de te amar.
Eu até agora não alcancei
socialmente falando algum patamar,
nada que você possa
entre os amiguinhos da escola
tirar onda ou se gabar..
Mas se traços meus forem
transmitidos a você,
vai se orgulhar de mim, não enquanto
renda, mas enquanto ser,
e pra terminar siga em frente,
vai passar por calmarias e torrentes,
vai ter contato com todo tipo de gente,
do bem e também maléfica,
que não terá piedade ao tomar
atitudes que lhe machuque,
escarneça e magoei.
Mas não perca a brandura,
nem a esperança no mundo,
por mais absurdo que isso lhe soe.
Até quem sabe um dia,
fique bem e que Deus lhe abençoe.
Clayton Marcio.