HOMEM DE PNEU CHEIO
Somos que nem pneu de automóvel
Enchemos-nos de ar viajamos pra todo lugar
Conhecemos estradas, pessoas
De vez em quando uma garagem
Um estacionamento no motel outra paisagem...
Às vezes estamos com problemas, pneu furado
Estacionamos damos um tempo nos recuperamos
Logo vem a cura o remendo a injeção do doutor borracha
E já estamos prontos pra levar o peso nos ombros
Lambendo muita poeira pela estrada da vida...
Até nos cansarmos perdermos os cabelos a mocidade
Vamos definhando derrapando aqui acolá...
Uns até dão mais sorte
Viram doublés estepes quando com meia vida...
Cansados de tanto rodar pelas vias buracos e atalhos do mundo
Entre manobras e derrapagens e comendo os pneus dos anos
Somos substituídos por outros emborrachados mais jovens
Resta-nos a aposentadoria e as estórias de um pneu velho
Depois ficamos com os amigos contando causos e remendos sem fim
Nas borracharias do botequim ou viramos vaso de jardim.