Prosaico

Prosaico

Viajo sob as bênçãos das estrelas

anéis de Saturno escondem luas cheias

e me trazem à terra prometida.

Trafego indolente sob o manto da madrugada

os meus pés, descalços, não ferem a poesia

e os meus dedos são reféns da pena que enseja o verso.

Tenho abraços que são laços

furta cor, furta dor

e de tão lilás confundem-se

antes do sol se por.

Tomo assento nos teus desenhos

de um tempo rei sem muralhas,

sem relógios ou adagas. Nos vidros fractais

quebro a cabeça, sem cortes de navalhas reais.

Sem mochilas, sem avisos,

andarilho sou, vícios fatais

indícios da prosaica poesia

que vem de mansinho acalentar meus ais.