[Falas Cruzadas e Perdidas]
Escrevo agora um poema que corre assim:
Nada sei de mistura de sentimentos... ou sei?
Mas sei que hoje, sim, hoje eu estou assim,
vazio, sem metáforas que me divirtam.
Precisava de falar, de gritar...
E de ter respostas para a minha fala,
quero um entrelace de falas,
sem mesmo me importar
com o nexo que pudesse ter!
Nexo de falas cruzadas... — nexo para quê?!
Se as falas são cruzadas, perdidas,
e se os sentimentos são misturados,
quem, quem neste mundo faria tal coisa,
quem se interessaria em abrir-me o seu mundo,
e em penetrar em meu mundo,
numa viagem sem rumo certo... ou sem rumo nenhum?
Jamais existe rumo no âmago da gente!
Vou tomar um copo de vinho, e dormir,
vou tentar sonhar alguém vindo no meu caminho...
Ou melhor, os dois, ela e eu,
indo um de encontro ao outro,
pelo mesmo caminho...
Correndo para a mesma flor,
em busca do mesmo perfume!
Estas linhas são nada...
ou são apenas uma tentativa de acalmar
o meu peito em ânsias... em falta imprecisa,
mas em carência, para ser mais claro!
E o que, ou quem sou eu:
uma vitima da minha liberdade,
ou um solitário projeto fanado?
E se conjugo o Belo e o Triste,
é por que a mistura de sentimentos
confunde-me mais, muito mais...
Falas cruzadas... e perdidas!
[Penas do Desterro, 03 de julho de 2011]