Meu grito ensandecido ensurdecedor
Ensandecida grito esperando o romper das paredes
Que me olham mudas, frias e calculistas.
Estou presa num fino pote de vidro descontente.
Enlouquecendo sozinha, querendo ter você.
As desventuras que me rodeiam cairão por terra
Este desanimo de vida, esta nostalgia indecente
Este sorriso descrente, essa união insustentável
Esse desgosto travando a língua nos dentes.
A janela está aberta, onde está a paz?
Acontece que me perdi, querendo me encontrar.
Eu moro no subsolo, abaixo do nariz de todo mundo.
Tem quem passa e faz de conta que não me vê.
Sinto pena dessa gente que é feito porcelana
Que só pensa em enobrecer finamente
Minha realidade está muito além, sou feia e suja
Estou demasiada, cansada, e quero amar outra vez.
Mas não se iluda, se eu te mostrar as pernas.
Meu real sentimento nunca mostrei a ninguém
Eu te quero hoje, posso não querer amanhã,
Então me beije hoje, por que esta amanhecendo.
E a luz escandece para dentro de mim
E eu me transfiguro e me desdobro em ser um lindo jardim
Minhas raízes percorrem as tuas terras
Teu orvalho embriaga o meu solo, e vitaliza meu Éden.
O teu sorriso flor da manhã, me faz morrer.