SEM SUTILEZA

Sou homem de rude trato, caipira, nasci no “mato”!

Raízes, não se negam, nem as relegam ao anonimato.

Rude, não sem-educação, que isso tenho de criação.

A dura luta pela sobrevivência impõe sua condição.

As rudes intempéries moldaram minha têmpera,

Não sou homem de meia-palavra, se digo: lavra!

Concordo, um pouco de sutileza, a vida, tempera;

Eufemismo, no discurso, estilo que suaviza a palavra.

Isso explica, em meus poemas, os versos sem evasiva,

Não uso circunlóquio. Na fala, na escrita a forma incisiva:

Grita! Confesso, tenho tentado ser mais perifrástico.

O Brasil tem poetas mestres da sutileza: fantásticos!

Assim, eu, poeta menor, vou fazendo versos francos,

E, como não sou parnasiano, sem métrica e brancos!

Aprecia no poema a forma? Lê Bilac, Oliveira e Correia. ¹

Se sobrar um tempo, lê-me, verá, a coisa não é tão feia!

¹. Olavo Bilac; Alberto de Oliveira e Raimundo Correia: expoentes do Parnasianismo brasileiro.

Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 03/07/2011
Código do texto: T3071969
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.