SEM SUTILEZA
Sou homem de rude trato, caipira, nasci no “mato”!
Raízes, não se negam, nem as relegam ao anonimato.
Rude, não sem-educação, que isso tenho de criação.
A dura luta pela sobrevivência impõe sua condição.
As rudes intempéries moldaram minha têmpera,
Não sou homem de meia-palavra, se digo: lavra!
Concordo, um pouco de sutileza, a vida, tempera;
Eufemismo, no discurso, estilo que suaviza a palavra.
Isso explica, em meus poemas, os versos sem evasiva,
Não uso circunlóquio. Na fala, na escrita a forma incisiva:
Grita! Confesso, tenho tentado ser mais perifrástico.
O Brasil tem poetas mestres da sutileza: fantásticos!
Assim, eu, poeta menor, vou fazendo versos francos,
E, como não sou parnasiano, sem métrica e brancos!
Aprecia no poema a forma? Lê Bilac, Oliveira e Correia. ¹
Se sobrar um tempo, lê-me, verá, a coisa não é tão feia!
¹. Olavo Bilac; Alberto de Oliveira e Raimundo Correia: expoentes do Parnasianismo brasileiro.