AS BOCAS DO MUNDO

Todas as bocas são ouvidas
Em qualquer canto, qualquer ode
Qualquer suplicio reprimido
Qualquer palavra insensível
Cada resposta inaudível
É uma farpa proibida
Toda a boca faz ferida
Toda a ferida é ardida
Seja arranhão
Ou Vísceras ao céu
Ela é inequívoca
Cada boca bendita ou maldita
Cada consolo, cada blasfêmia
Verso, grito, agonia
Noite solitária
Dia em balburdia
Deveria ter respeito
Responsabilidade
Pois uma voz sem dono
Arromba portões fechados
Sucumbe paredes rijas
A ofensa perdida
Sempre encontra morada
Em algum ouvido invejoso
Aqueles, então, que são
O que são
Que vestem purpurina
Que brincam com a ilusão
Que trazem a noticia vespertina
E fecham a noite apoteótica
Em frases de efeito
São os mais preciosos
São deles o poder da mídia
São eles anjos salvadores
Demônios devoradores
E nosso globo esperançoso
De vozes de acalanto
Sorve como ébrio
Bebida desejada
Como beduíno
Água almejada
E a cada gole sedento
Dentro das entranhas suplicantes
Uma mentira se nutre,
Metamorfoseia
E se torna verdade.


Ita poeta
Enviado por Ita poeta em 01/07/2011
Reeditado em 02/07/2011
Código do texto: T3069811
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