Badou Às Portas Do Inferno
(ou Epitáfio Para A Esperança)
Cá está Badou, com o vento soprando os cabelos.
Um homem cuja solidão violou o sacro tempo,
A quem a loucura tornou um deus de areia.
Sobrevivo ainda, é verdade: até quando?
Reconheço as desventuras, a vontade deles.
Sou Ulysses contra a fúria de um mar cor de vinho.
Minha odisséia urbana, meu tempo perdido:
Ando como um escravo que canta ao pensamento
O coro dos vencidos, suspiros pela pátria usurpada.
Poderá alguém dizer: “acaso deliras?”
Mas, no subsolo, Badou constrói sua torre de marfim,
Brada aos quatro ventos a mediocridade da raça.