Vinícius *** Embate

Vinícius

Quando Vinícius em poesia se desvelou

Cantou e bebeu amores com licores

Foi ao Amor que se entregou

Ficou em sua pele poética impregnada

A doce paz do beijo e nada mais

A visita da morte coisa alguma fez

Pois a morte é feita de insensatez

Afogou-a o poetinha em beijos lúbricos

E deu-lhe a beber até irônica embriaguez

Invejosa a morte se despia

E o convidou à cama fria

Apossou-se do vate a inconsequente

E em sua frialdade não há verso ou rima

Que a esquente

Toma, a morte, do poeta o lábio sempre em festa

E pensa desfazer a tez funesta

Encontra o artista em serenata

Bêbado de cair, de Byron ao lado,

Cantando os dois da mulher o corpo amado

***

Embate

Duelo de dor entre duas gaivotas

À beira-mar se assistiu

E o céu se condoía

Do entardecer ao raiar do dia

Sobre a areia as penas se espalhavam

Rubras penas em pedaços

Ossos expostos

À chuva e ao mormaço

Veio o mar e beijou a orla

Levou os restos para si

Quando na noite seguinte

O que restava na praia

Era um olhar sobre o local da cena

E ao redor se alastrava um eco

Eco de lamento e pena

taniameneses
Enviado por taniameneses em 01/07/2011
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