Vinícius *** Embate
Vinícius
Quando Vinícius em poesia se desvelou
Cantou e bebeu amores com licores
Foi ao Amor que se entregou
Ficou em sua pele poética impregnada
A doce paz do beijo e nada mais
A visita da morte coisa alguma fez
Pois a morte é feita de insensatez
Afogou-a o poetinha em beijos lúbricos
E deu-lhe a beber até irônica embriaguez
Invejosa a morte se despia
E o convidou à cama fria
Apossou-se do vate a inconsequente
E em sua frialdade não há verso ou rima
Que a esquente
Toma, a morte, do poeta o lábio sempre em festa
E pensa desfazer a tez funesta
Encontra o artista em serenata
Bêbado de cair, de Byron ao lado,
Cantando os dois da mulher o corpo amado
***
Embate
Duelo de dor entre duas gaivotas
À beira-mar se assistiu
E o céu se condoía
Do entardecer ao raiar do dia
Sobre a areia as penas se espalhavam
Rubras penas em pedaços
Ossos expostos
À chuva e ao mormaço
Veio o mar e beijou a orla
Levou os restos para si
Quando na noite seguinte
O que restava na praia
Era um olhar sobre o local da cena
E ao redor se alastrava um eco
Eco de lamento e pena