tudo nosso

O dendê corre na veia

desta alma brasileira

quando toca o tambor queima

sangra a palma faz poeira

poema no movimento na sola do pé

negro kizumba estilo rei Pelé

vem da guiné Moçambique de Angola

nossas qualidades são superiores

aos ensinamentos que a escola

insiste em ocultar

assuma as suas origens

antes da extinção te levar

Hoje todo branco

diz ser mais preto que você

Quero ver vestir minha pele

Quando for correr

da polícia ou atrás de emprego

Pagar o preço um cargo de confiança

A realidade é cruel quando o cordeiro negro

Sambou a nossa esperança

Caímos na dança

Sem saber o passo

São dados são fatos

continuamos massacrados

explorados no canavial da vida

laceram e cutucam a ferida

com o ferro do doutor

Cadê o prefeito cadê o governador

Ou presidente da republica

de origem nagô

A maioria do nosso lado

Querendo virar o Michael

Outros tantos aglomerados no xis

A margem da meretriz

Engolindo seco as piadinhas

De quem diz que tem lá no fim

Um preto na sua família

um pé na cozinha

Quem diria

Ele abaixou a cabeça

Renegando a sua origem negra

Não adianta reivindicar na hora das cotas

Os nazistas estão armados cheios de respostas

E você?

Perdendo tempo querendo ser branco

Vista-se de orixá

Abandone a máscara dos santos

Desacredite nas verdades que são impostas

Procure elaborar as suas próprias respostas

Argumentar é única solução

Para formar e fortalecer a nossa opinião

Em amplidão

o poder do quilombo acaba de chegar

Com os olhos vermelhos e vontade de lutar

Por igualdade

proteção à cultura milenar

Chega de emprestar nossa arte

Para o parasita lucrar

Vamos cobrar impostos, cotas e respeito

Vamos provar o valor de tudo que for

Coisa de preto...

Marco Cardoso
Enviado por Marco Cardoso em 30/06/2011
Código do texto: T3066399