OFÍCIO DE VATE
Sobre o cimento rústico
espalhava-se como manto
rasteira flor-de-viúva.
Cobrindo o cinzento chão
fazendo alegre arabesco
e transformando-o em santo.
Não se via a terra marrom
de onde brotava a maravilha
do santo milagre.
A flor da cor de uva,
entre vinho, lilás e roxo,
trouxe-me o poema cocho
perseguindo-me o dia inteiro.
Por esta enorme saúva
dei-me por pendido cacho.
Fiz-me da inspiração
escriba e caneta tinteiro
e só assim me livrei deste diacho.
Ruminei isto das seis, quando o sol nascia,
até às dezoito, quando o astro morria, acho.
L.L. Bcena, 18/02/2011
POEMA 275 – CADERNO: CHEGADA NO PORTO.