O MAR
Suas águas reluzem com a luz do sol: como brilhantes.
Tremem num balanço suave do vento.
Os barcos balançam numa lentidão, como acariciando-o numa paz aparentemente maravilhosa.
Gaivotas esvoaçantes se confundem com as pipas escapadas das mãos dos garotos que povoam sua praia.
Ao longe, a bóia, mostrando o perigo aos navegantes, das águas rasas.
A magia das águas convidativas, e ao mesmo tempo tenebrosas.
Ao largo, os navios que dão a sensação de serem de papel, colocados na água, tal a velocidade com que navegam.
Não sei o porque, mas tenho a impressão que poderia andar em cima das águas, vendo alguns lugares em que fica parada parecendo uma estrada.
A voadeira singra seu leito deixando para trás um rastro de espuma branca, que aos poucos, voltam a sua pasmaceira de antes.
Olhando o mar... Vejo, o seu ciclo natural: a maré, neste momento completando a sua fase da vazante, deixando exposto, além da praia branca, uma parte do seu leito deixa à mostra, restos de carcaças, paus, pedras e lama, onde as pessoas procuram moluscos para a sua sobrevivência. Com o passar dos minutos aguardo com ansiedade o seu segundo estágio: a maré alta.
Neste momento os raios do sol, fazem o seu caminho sobre as águas numa claridade total.
O vento anuncia o retornar das águas.
Soprando para a praia, leva a água com ele.
É a enchente da maré.
O sol quase tocando a água, numa cor de ouro, faz do entardecer uma dádiva para ser admirada.
A cada minuto as águas vão subindo, desaparecendo a sujeira sob seu manto. As águas agitam-se a cada hora em que o vento torna-se mais forte.
Ao cair da noite, a temperatura esfria e fica amena.
Olhando o mar... Sinto-me como ele, neste momento.
Ele preso ao ciclo natural e eu, presa ao ciclo imposto pela sociedade.
Icoaraci, 16h
Obra: Gotas