A dança das letras
Eu quero a leveza das letras
Quais livres de leis se põem a bailar.
Por vezes se unem faceiras
Suscitam palavras de lerna e de mar.
Almejo a beleza dum verso
Que o ledo ardor me faça sentir,
O beijo sereno da brisa
Trazendo o sabor da musa a dormir.
Espero que desses dedos
Nasça o poema que irá descrever
O adejar dum pássaro negro
Qual cala sua ária sob alvorecer.
Não quero somente o belo,
As flores flamantes sob o sol,
Pois reina sorrateiro o flagelo
Na ambigüidade do arrebol.
Abraço as letras que fremem,
As lívidas cores do inverno
E vivas retumbam perene
Lancinante agrura de meu inferno.
Rio de Janeiro, 29 de junho de 2011.