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era tão jovem que me doía
comovente era tal juventude
tão pura e indefesa em sua força
era tão jovem porém sofria
de amores desfeitos amiúde
de paixões findas no clarear do cinema
de solidão.
era assim no amanhecer da vida
viril e inseguro como se havia de ser
glabro príncipe de peito blindado
cego defensor da coisa vivida
lutava pelo que sentia no dever de defender
donzelas imaginárias
aterrorizadas pelo dragão.
todos aqueles agridoces anos
capturados por kodaks extintas
curvaram-se ao amarelo distante
ao mofo e a outros agentes inumanos
que pouco a pouco consumiram-lhes as tintas
e de todas as cores possíveis
fizeram borrão.
era tão jovem que não sabia
que carregaria então aquela juventude
tão pura e indefesa em sua força
até o presente dia
como vaidade transformada em virtude
apesar das costas açoitadas
e dos vícios do coração