Mosaicos e Paródias Do Canibalismo Secular
Vejo e beijo o povo como um bando de microondas lotados de migalhas podres, cheias de fungos... Naturezas mortas tão belas...
Da minha língua, nenhuma destas bitucas de cigarros apagados não-por-mim, saca, entende, ou comenta sobre...Língua de poeta ébrio, louco como dizem...
Só as línguas manchadas pelo etanol, pelo propinol, pelo tal-tal produto de industria farmacêutica que não sei nomear, que não sei dizer sobre... Línguas manchadas entendem línguas manchadas...
Serei a língua podre do difunto moribundo desbundando do caos e fazendo loucuras nas correrias das estradas e estradas e estradas que não fazem – nem nunca fizeram – tanto sentido... Como pena flutuante, diria, como bobagem que se diz e não se lembra...
Como ser um pedaço de universo, preenchendo suas lacunas com o blues do lacrimoso, o jazz do swingado, o folk do inspirado e a ausência do impiedoso...
Esses eletrodomésticos não calam a boca! Vivem com suas radioatividades baixas e tão letalmente inertes e irrelevantes...
Nem sequer me dão um câncer!
Me poupem do discurso pieguisse-sobre-pieguisse e igrejas e padres e jesus e nadas...
Diria que existe um murro na parede para cada tijolinho laranja que se prosta nas paredes góticas, romanas, postólico-romanas! Ou simplesmente venenos contemporâneos... Acreditem, são até piores que antigos...
O raio do sol sopra! Quero a ardência da estrada e o medo do efêmero novo...
Não a tortura do temperamento abafado das vidraças mosaicas, cheias de história e paródia clichê, que grelham carne em oitavo pecado capital ou nona sinfonia clássica do poeta surdo...
Arcadismos rendidos são a trilha sonora, claro...
Afinal, arte pela arte é coisa de gente louca...
Ajoelham-se como Madalenas prostadas à serviço!
Abrem suas bocas puras e recebem o canibalismo secular – de sangue e de corpo e de “espírito” –
Saem do ritual alegrinhos e chegam em casa de fígados sobrecarregados e culpas pesadas nas costas... E acabam ganhando algumas mais...
O ciclo se cumpre, periódicamente...
Oh! Me ponho a dizer: “Se é acratica a concepção, a única púnica culpa é justa!”