A POESIA ADORMECIDA...
Quem arrazoa que me sabe demais;
não sabe nada de nada! É falácia.
Jamais provou do meu veneno,
nem sabe o quanto sei
tornar-me veludo!
Quem arrazoa que me sabe demais;
É que nunca me viu navegando
nas águas das ansiedades;
só assim que se aprende
sobre o balanço do mar!
Quem arrazoa que me sabe demais;
Não sabe que das lesões da vida
carrego as cicatrizes no couro;
nem sabe o peso que tem o
alforje das lembranças!
Quem arrazoa que me sabe demais;
Não sabe do monólogo que travo
na busca da poesia adormecida;
quando nem mesmo sei se é
lícito este encalço repetido!
Quem arrazoa que me sabe demais;
Nem sabe que as noites alongadas
lavra meu peito e nos sulcos
que ficam brotam a saudade.
A dor é que lhe dá o viço!
Quem arrazoa que me sabe demais;
nem sabe o fascínio que a lua faz
nos meus sentidos com seu
fulgor de prata; nem sabe
sobre o meu lado poeta!
Quem arrazoa que me sabe demais...
Não sabe nada de nada, é falácia!