P O E M E T O S . . .
GALHINHO DE BEM-TE-VI...
Estranho! Você sumiu daqui.
Vivia igual a um bem-te-vi.
Teu galhinho era em mim.
PEIXINHOS
Esses peixinhos realçados
pelas mãos de Deus; são pingos
de poesia nesse rio pingados!
SOU VÁRIO
Sou múltiplo, sou tantos em um;
(que nem sei mais) qual de mim sou eu.
(Seria tão incomum) não ser mais nenhum?
ABANDONADO
Boa noite, amor, onde estiveres!
Daqui ficarei ideando teus encantos.
Antes que ultime de vez os teus haveres.
POETA
Sou jardim de beija-flores...
Sou o néctar, sou os valores.
Sou o remo e sou os remadores!
DEUS
Sou a fé que te ajoelha,
sou a voz que te aconselha.
Sou a pedra, sou a muralha, sou a telha!
RUA DA FOFOCA
Sou comum, sou qualquer um:
sou do jeito que seus olhos me veem.
Passei a ser o tema na rua do zunzunzum.
PESCARIA
Quem sabe do fundo do rio
é o peixe quem me pesca
com isca de alforrio.
BEIJO
Se sua boca toca a minha:
saio do chão, caminho no céu.
Sou um rei no beijo da minha rainha.
SEPARAÇÃO (de corpos)
Agonia, desejo, vontade.
Distância que fere e rasga
a carne. E sangra saudade!
SEDE OU FOME?
Veja como o verso pede
outro verso, e outro, e outro...
De certo verso de verso tem sede!
TRETA OU MUTRETA?
Quem foi que disse que poeta
sabe tudo sobre tudo?
- Sabe nada de nada, é tudo treta!
EXAGERADO
Humilha, fere, faça dor.
Talvez mereça mais que isso.
Amar em demasia, perde-se no amor!
DEDICAÇÃO (de poeta)
Com a esferográfica na mão
viro um samurai e venço guerras.
E nasce verso do suor e da abnegação.
NATURALMENTE...
Se for amor o desejo brilha
possante nos olhos dos amantes.
Lei da vida. Lobo segue a matilha!
CASAMENTO
No início, sabor de um fino mel.
Durante, a guerra bate a paz.
No adeus, picadas de cascavel!
FLORES
Esse branco, esse roxo, esse luxo.
São pétalas do jardim de Deus?
- Ou é profano, coisa de bruxo?
SELVAGERIA
E treme a flor na ramagem.
Lá vem a madame fazer a ceifa.
Quem aqui que é a selvagem?
ESCRAVIDÃO
Marcha o cavalo pelo atalho da morte.
aonde do preto velho furtaram a vida.
Nem era boi e foi feito de boi de corte.