Há tanto céu no inferno e inferno no céu...
gostaria de construir um céu
que sossegasse a alma até enlouquecer
(é como devolver um tigre a floresta)
mas se eu soubesse que o amor
arrasta uma lamina cega em volta
destrói até a última jangada
retruca espinhos
rosna intensidades
afia a lança cegando
pede pelo que não precisa
separa sua cabeça de seus ombros
com os olhos cheios de uma imensa satisfação
se eu soubesse
que no peito não cresce mais nada
atrai para perto da espada
roubando nossa vingança
despedaçando o caderno
se eu soubesse
que é uma ovelha por fora
mas por dentro... um lobo
não sentiria falta dele
a cada respiração em branco
não o bebia com ferocidade
maldizia seu nome
(ódio após ódio)
proibiria sua venda
ficaria feliz em matá-lo de graça
perdoaria sorrindo
o que não tem nome
seria órfão antes de ele chegar
pagaria tudo com poesia
(que jamais se entrega)
Vânia Lopez