Há tanto céu no inferno e inferno no céu...

gostaria de construir um céu

que sossegasse a alma até enlouquecer

(é como devolver um tigre a floresta)

mas se eu soubesse que o amor

arrasta uma lamina cega em volta

destrói até a última jangada

retruca espinhos

rosna intensidades

afia a lança cegando

pede pelo que não precisa

separa sua cabeça de seus ombros

com os olhos cheios de uma imensa satisfação

se eu soubesse

que no peito não cresce mais nada

atrai para perto da espada

roubando nossa vingança

despedaçando o caderno

se eu soubesse

que é uma ovelha por fora

mas por dentro... um lobo

não sentiria falta dele

a cada respiração em branco

não o bebia com ferocidade

maldizia seu nome

(ódio após ódio)

proibiria sua venda

ficaria feliz em matá-lo de graça

perdoaria sorrindo

o que não tem nome

seria órfão antes de ele chegar

pagaria tudo com poesia

(que jamais se entrega)

Vânia Lopez

Vania Lopez
Enviado por Vania Lopez em 27/06/2011
Código do texto: T3059766
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