Às vezes o próximo está tão próximo de nós...

Às vezes o próximo está tão próximo de nós e não o percebemos.

Às vezes deita-se em nossas camas...

Come da nossa comida...

Amanhece com a mesma tristeza que amanhecemos...

Carrega-se de nossos muitos pesadelos durante a noite passada.

Só o percebemos quando Outros o percebem!

Ás vezes somos nós o próximo de nós mesmos,

Mas não percebemos o grito de nosso socorro...

Não percebemos a alma que sofre

E o coração que pulsa cada vez mais devagar.

O espelho fiel não se mostra tão fiel como pensávamos.

Ele não revela nossa profunda angústia...

Não expõe nossas próprias feridas...

Não nos previne de nos prevenir e descobrir que precisamos de ajuda.

Então, nunca nos ajudamos.

Entregamo-nos a ideia de ajudar o próximo

Sem saber que nós somos o próximo mais próximo que se pode ter!

Sem saber que vemos no outro o que temos em nós...

Sem saber que o outro é o real espelho de nossa existência;

É a nossa aparência na aparência de outro.

Às vezes o próximo é o próximo a precisar de ajuda...

Às vezes a ajuda é o próximo ao nosso próprio próximo...

Às vezes o próximo é apenas alguém que precisa experimentar da vida...

Mas descobre-sena morte incapaz.

Às vezes a vida torna-se próxima daqueles que dela se aproximam...

Os próximos nem sempre são os outros;

Próximo é a composição de nossos reflexos.