INCÓGNITA

INCÓGNITA

BETO MACHADO

QUEM PODERÁ ME EXPLICAR

PORQUE EU SINTO ESSA DOR

NO FIM DO DIA,

QUE A CADA PASSO DADO

É UMA ALEFRIA

QUE ESVAI RIACHO ABAIXO

E NA VENTANIA

DOS ANOS QUE TROUXERAM

MEU CANSAÇO

E LEVAM MEU DESGOSTO,

MEU DESCOMPASSO

A OUTRAS NOVAS VIDAS.

QUEM PERGUNTOU ISSO A MIM

FOI UM VELHO NEGRINHO,

JÁ MORIBUNDO,

QUE DAVA BONS CONSELHOS

A UNS VAGABUNDOS,

QUE DORMEM IMBRENHADOS

NO OCO DO MUNDO,

ONDE SE ESCONDEM

RATOS, SAPOS E COBRAS,

E O VIVO COME O LIMPO,

E O MORTO, AS SOBRAS,

DENTRO DE UM PRATO FUNDO

SEI QUE NINGUÉM VAI PODER

RESPONDER A QUESTÃO

DO TAL VELHINHO

POIS NOS LARGAMOS

POR UM VIL CAMINHO,

BUSCANDO O SANTO PÃO

E O DOCE VINHO,

QUE LESAM NOSSA FOME

E NOSSA SEDE,

E AS PRENDEM NOS CERCADOS

DE UMA REDE

COMO IMBECIS PEIXINHOS

Roberto Candido Machado
Enviado por Roberto Candido Machado em 24/06/2011
Código do texto: T3055241
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.