INCÓGNITA
INCÓGNITA
BETO MACHADO
QUEM PODERÁ ME EXPLICAR
PORQUE EU SINTO ESSA DOR
NO FIM DO DIA,
QUE A CADA PASSO DADO
É UMA ALEFRIA
QUE ESVAI RIACHO ABAIXO
E NA VENTANIA
DOS ANOS QUE TROUXERAM
MEU CANSAÇO
E LEVAM MEU DESGOSTO,
MEU DESCOMPASSO
A OUTRAS NOVAS VIDAS.
QUEM PERGUNTOU ISSO A MIM
FOI UM VELHO NEGRINHO,
JÁ MORIBUNDO,
QUE DAVA BONS CONSELHOS
A UNS VAGABUNDOS,
QUE DORMEM IMBRENHADOS
NO OCO DO MUNDO,
ONDE SE ESCONDEM
RATOS, SAPOS E COBRAS,
E O VIVO COME O LIMPO,
E O MORTO, AS SOBRAS,
DENTRO DE UM PRATO FUNDO
SEI QUE NINGUÉM VAI PODER
RESPONDER A QUESTÃO
DO TAL VELHINHO
POIS NOS LARGAMOS
POR UM VIL CAMINHO,
BUSCANDO O SANTO PÃO
E O DOCE VINHO,
QUE LESAM NOSSA FOME
E NOSSA SEDE,
E AS PRENDEM NOS CERCADOS
DE UMA REDE
COMO IMBECIS PEIXINHOS