A Espera

Vivia de poemas sussurrados

escondidos nas gavetas:

magnânimas verdades

trancafiadas no papel.

Essas borboletas fugidias

não escutam meu chamado:

Amor e Liberdade

só chegam quando é tempo.

A espera do encontro,

Temi o amanhã,

temi o azul

e o cinza.

Passeei pelas esquinas

procurando pela Vida.

Sobrevivi sugando forças de outrem

sonhos interrompidos

momentos furtados

e beijos insossos.

Solitárias paixões!

Esperei sem paciência

a noite findar.

Esdrúxulo dia

amanhecido rosé:

céu cor de pêssego

e

vento levante.

Sussurro meus segredos

ao esmo.

Sei que chegarão até você.

(Estranho, que ainda não tem nome)

Respiro

Suspiro

Espero

e

Anseio.

De súbito,

Encontro os Girassóis.

Vejo eles no meu quarto

pelas ruas

no cinza da cidade

nos campos

nos espelhos

e nos olhos teus.

Encontro, enfim, meu Estranho poeta.

Deixo a chuva me despir

dessas máscaras de mim

E deixo o sol dos teus olhos

desvendar os mistérios

do meu corpo

E possuir a minha alma.

Raquel Abes
Enviado por Raquel Abes em 24/06/2011
Código do texto: T3055072
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