A Espera
Vivia de poemas sussurrados
escondidos nas gavetas:
magnânimas verdades
trancafiadas no papel.
Essas borboletas fugidias
não escutam meu chamado:
Amor e Liberdade
só chegam quando é tempo.
A espera do encontro,
Temi o amanhã,
temi o azul
e o cinza.
Passeei pelas esquinas
procurando pela Vida.
Sobrevivi sugando forças de outrem
sonhos interrompidos
momentos furtados
e beijos insossos.
Solitárias paixões!
Esperei sem paciência
a noite findar.
Esdrúxulo dia
amanhecido rosé:
céu cor de pêssego
e
vento levante.
Sussurro meus segredos
ao esmo.
Sei que chegarão até você.
(Estranho, que ainda não tem nome)
Respiro
Suspiro
Espero
e
Anseio.
De súbito,
Encontro os Girassóis.
Vejo eles no meu quarto
pelas ruas
no cinza da cidade
nos campos
nos espelhos
e nos olhos teus.
Encontro, enfim, meu Estranho poeta.
Deixo a chuva me despir
dessas máscaras de mim
E deixo o sol dos teus olhos
desvendar os mistérios
do meu corpo
E possuir a minha alma.