O PRIMEIRO DA SEMANA
todo dia,
com graça,
haverá um beijo dado com bastante cuidado,
e um jeito
(daqueles que só um de nós sabemos qual)
de tocar as mãos nos lábios
e umedecer, até mesmo,
o último recato.
aí, um suave despertar
pelo dia esquecido
reacende o fôlego e a arte
de amar
(daquela que não há em nenhum manual)
com um só trocar de olhares,
impulsivos e enxutos,
em ternura única.
Em mim,
só, te guardo,
apesar do horóscopo abrangente
ter-me dito para ser mais organizado.
Em nós
há cirandas
apesar de em alguns Domingos
voltarmos para a velha casa dos pais.
Na maciez
do teu carinho,
juntamos em tempo, molhados
o perder e o ganhar de horários
para dormirmos só um pouquinho mais.
todo dia,
com ar de graça,
o gosto do beijo molhado, sempre presente,
sentirá o gosto adulto da serenidade
dos amantes, lado a lado,
nus: sem algum recato!
todo dia,
com jeito de Domingo,
será sempre a véspera da segunda-feira,
onde a despreocupação fica adulta,
os amantes, lado a lado,
têm os relógios mudos.
o sorriso de felicidade,
estampado em nosso rosto,
prova que não esquecemos dos Domingos:
beijamo-nos, fim-de-noite,
açucarados qual algodão-doce;
perdemos a hora do pôr-do-sol,
mas vimos o elefante no circo;
comemos pipocas saltitantes
dadas por nossas mãos.
E ficamos definitivamente nus:
um diante do outro,
como todo final de Domingo
onde, cansada, me envolves,
já que o frio tarde vem.
E achamo-nos quietos juntos:
um pertinho do outro,
com as pálpebras pesadas
da euforia, afinal, cansada
da Segunda não vinda.
O dia-a-dia nos fez viver junto.
Isso é o que importa ao casal:
juntar o útil ao indivisível.