GRUTA

Que de amor não apenas há aquilo que salta.

Em que se ressalte

o que se há de admirar

nesse seu claro gostar de mim.

Nesse pender de cabeça

de repente sobre meus ombros tímidos.

Que de amor hei de contar

nesses dedos a que constantemente conto?,

cantando alto, pois assim que penso.

Tanto como ambição grande,

quanto como num tom audível.

Eis-me: o nível, a altura, o abalo...

Que por “amor” muita mesquinhez se esconde

no que se crê destino.

Nesse pensamento limitado e menino,

insistente em “perfeitar” fatos e coisas.

Uni-los em lógica de fábula,

De historinha – d’estória da carochinha.

Que no amor se reconheça o acaso,

a surpresa, a sorte e a maceração.

Essa erosão intencional

de um sopro constante sob a pedra bruta...

Os braços em abraço, coração lavrado,

que se moldam em abrigo: gruta.

Andrié Silva
Enviado por Andrié Silva em 23/06/2011
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