GRUTA
Que de amor não apenas há aquilo que salta.
Em que se ressalte
o que se há de admirar
nesse seu claro gostar de mim.
Nesse pender de cabeça
de repente sobre meus ombros tímidos.
Que de amor hei de contar
nesses dedos a que constantemente conto?,
cantando alto, pois assim que penso.
Tanto como ambição grande,
quanto como num tom audível.
Eis-me: o nível, a altura, o abalo...
Que por “amor” muita mesquinhez se esconde
no que se crê destino.
Nesse pensamento limitado e menino,
insistente em “perfeitar” fatos e coisas.
Uni-los em lógica de fábula,
De historinha – d’estória da carochinha.
Que no amor se reconheça o acaso,
a surpresa, a sorte e a maceração.
Essa erosão intencional
de um sopro constante sob a pedra bruta...
Os braços em abraço, coração lavrado,
que se moldam em abrigo: gruta.