BADALADA (um "causo" de terror)

BADALADA

Bate meia noite no relógio

No velório surge o necrológio

O morto morreu de susto

Ainda novo e muito robusto

Saiu de casa na sexta de lua cheia

Foi para o mato sem levar candeia

Escutou ao longe a badalada

Queria apenas ver a namorada

Ignorando os perigos da lua

Mas só pensava na moça nua

Entrou no mato e na viela

Louco para pular pela janela

Passado na avenida do cemitério

Deu de cara com um mistério

A procissão das almas perdidas

Aquelas pobres almas esquecidas

Iam todas translucidas na noite

Pareciam estar levando açoite

Ao ver o rapaz que alvoroço

Foram ao encontro do moço

Cercando-o dera-lhe uma vela

Ele aceitou de medo sem cautela

Esqueceu que ia ao encontro da amada

Mesmo escutando ao longe a badalada

De manhã acordou sozinho

Está caído no meio do caminho

Ao lado um fêmur de humano

Seu nome nele seria engano?

Apavorado correu para a capela

Queria era mais largar a vela

Ao entrar viu os mortos rezando

E assim sua alma foi lhe abandonando

A namorada aguarda a badalada

E ver o namorado saindo da quebrada

Mal sabe ela que esta sendo velado

Que agora ele é um moço finado

Conto o conto e aumento um ponto

Não deixo a estória morrer no desaponto

André Zanarella 12-05-2011