LIVE - 8

Tenho a cara pintada de azul

Têm novas falas pelas vias

De todas que se possam ouvir

A voz não cala por omissão

Da confusão & outros caos genéricos

Tudo que se canta contra a fome...

Parem agora, esses varões

Que apenas olham o próprio ravo

Cartas que assinam outras vergonhas

Olhar do lado para ver o que se passa

Passado também conta sua história

Correram para bater nas portas do futuro

E pouco se importam, mesmo

Com as cabeças que ficaram pisadas

Se o novo merece a sua vez

Eu, quase velho, vou ter que passar fome então!

Tem um mundo morrendo de inanição

E estas também estão nas idéias

Têm muitas cabeças pensando em nada

Engolindo o pó de suas trincheiras

Achando graça na esperteza

Quimeras para quem só pensa em levar vantagens...

Queimaram florestas no mundo inteiro

Abriram as comportas da vergonha

Enquanto a nau navega procurando...

Cortaram línguas, dedos, mãos & cabeças

Batatas podres, anéis do poder

Matracas aflitas expondo suas mesquinharias

Das moedas que recolho pelo chão

Todas perderam sua mais valia

Caroços para implantes cibernéticos

Ninguém, é como sou chamado

Velho pirata que grita na calada da noite

Dos Jardins suspensos da Babilônia

Sobrou o pó em migalhas na nova Babel

Crentes para ofícios & vícios

Viúvas de Cartagena tomada

Os Urais na fornalha de Blake

À Mitra, fogos-fátuos & Curupiras

Nas lendas, outros uivos ainda latinos

A nave desceu no morro Inca

Cornucópias nas páginas sintéticas

Entre ciborgs que não ficaram maltrapilhos

50 mil morrem de fome por dia

Hipocrisias de nações sorrateiras

Eu choro por cada morte, a cada segundo

O coração está apertado com cada porta fechada

Mesmo rindo para manter a dignidade

A lágrima corre a face, enquanto vivo

Essa impotência por fazer tão pouco

Apenas soltar mais um grito

Rasgando a garganta na selva de asfalto

Luzes acessas, fofocas provincianas

Enquanto a lava desce da boca do vulcão

Quantos fizeram obscenas fortunas

Em cima da desgraça de muitos

Idolátras apenas do vil metal

Minha cara está azul de novo

Não tenho balas no canhão

Mas a nau está pronta para a luta

Mesmo tendo que tocar o barco sozinho...

Chorei o tempo que o vento demorou para enfunar a vela!

Peixão89

02.07.2005

A trilha sonora ideal é Pink Floyd!

Publicado no e-book "Meu País é este!" - ensaio poético literário da AVBL - Academia Virtual Brasileira de Letras.

(www.avbl.ebooknet.com.br)

Peixão
Enviado por Peixão em 03/07/2005
Reeditado em 21/09/2005
Código do texto: T30510
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