Madeira benta
Existe um demônio
De nome é Palacame
Do lápis sem ponta,
Do pensamento rabiscado
Que faz doer a cabeça
Como se o cérebro não coubesse nela.
Esse ser é inimigo da criação desde sempre
E só quer
Ser o que é:
Página em branco,
Lápis quebrado,
Caneta sem tinha,
Mente borrada.
O poeta sempre foi seu alvo.
Então, quando sua cabeça doer,
Não esmoreça.
É a dor do parto da criatividade.
A dor de um poema que quer nascer.
Quando o rabudo com seu manto branco
Vier cobrir suas idéias,
Seja rápido:
Pare tudo e escreva.
Com a primeira palavra,
Terá exorcizado esse problema
Porque ele apenas é
Página em branco,
Lápis quebrado,
Caneta sem tinha,
Mente borrada.
Contudo, na mão do poeta,
Todo lápis tem madeira benta.