Madeira benta

Existe um demônio

De nome é Palacame

Do lápis sem ponta,

Do pensamento rabiscado

Que faz doer a cabeça

Como se o cérebro não coubesse nela.

Esse ser é inimigo da criação desde sempre

E só quer

Ser o que é:

Página em branco,

Lápis quebrado,

Caneta sem tinha,

Mente borrada.

O poeta sempre foi seu alvo.

Então, quando sua cabeça doer,

Não esmoreça.

É a dor do parto da criatividade.

A dor de um poema que quer nascer.

Quando o rabudo com seu manto branco

Vier cobrir suas idéias,

Seja rápido:

Pare tudo e escreva.

Com a primeira palavra,

Terá exorcizado esse problema

Porque ele apenas é

Página em branco,

Lápis quebrado,

Caneta sem tinha,

Mente borrada.

Contudo, na mão do poeta,

Todo lápis tem madeira benta.

Paulo Fernando Pinheiro
Enviado por Paulo Fernando Pinheiro em 22/06/2011
Código do texto: T3050891
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