Rotina

«Água mole…?»,

Balelas, puras balelas!

Os ponteiros não cansam

o ritmo da existência banal.

A metralha não esgota

a multidão humana,

(bloco de ilusões

atravessado pela inércia).

A metamorfose marcha

num frenético esvoaçar

de contínua carnificina.

A noite retorna

em gigantesco palpitar

de frémitos de guerra fria.

Insistir não basta!

Solução: refastelar

a consciência em banquetes

de luxuosas receitas oníricas.

(Negrelos, 26/08/1972)